quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ao Deus que tudo vê e tudo Pode

Ao Deus que tudo vê e tudo Pode
Maria do Carmo oMachado d' Oliveira

Meu Deus, que privilégio poder chamar-te de Pai !
Conversar contigo na hora, e onde eu quiser.
Invisível , mas me abraças, me enlaças com tanto amor,
a cada dia, cada hora em que eu clame por teu nome
pra me acudir, me consolar.
Em meio a minha aflição, enxugas as minhas lágrimas,
acalmas meu coração.
Nunca se ouviu falar de um Deus tão poderoso, grandioso,
que se importa com seus filhos,
os muitos filhos ,
e a todos tu escutas, dás valor, dás abrigo e proteção.
Deus assim, só mesmo tu, Senhor Jeová, o grande Eu Sou.
Criaste céus , terra e mares, com beleza incomparável,
E com amor insondável, ao homem tu confiaste
a terra para cuidar, dominar.
Tu tens olhos grandiosos, e tudo tu podes ver
Tens contemplado a terra, meu Pai
Tens visto o que o homem faz.
Na tua misericórdia, eu te peço,
Tem dó de nós, meu Senhor,
E dá-nos o teu perdão
Pois desprezamos sem zelo a tua orientação,
seguimos nossos caminhos,
guiados por um coração conturbado,
inseguro, impuro,
desprovido de amor.
Por isso, em minha oração,
eu te suplico Senhor,
por mim, por meus filhos,
pela minha geração,
Dá-nos Pai , o teu perdão.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Queimei o pé do meu netinho Asaph!

Quando os netos de do Carmo a visitam, é uma festa!
A vovó, sempre madrugadeira, já havia varrido todo quintal, retirado tudo que representava perigo para os pezinhos dos seus netos; recolheu as folhagens secas e pôs fogo. A fumaça se espalhou pelo ar , dando aquela sensação de limpeza, a gosto da avó.
-Essa fogueira, eles perderam, pois era ainda muito cedo. O Joshua adoraria estar por perto para acrescentar gravetos e ver as labaredas fumegantes. Perdeu essa por dormir muito.
Os meus netinhos felizes por estarem na casa da vovó, despertaram naquela manhã, como sempre muito dispostos, prontos para as peraltices do dia.
o Asaph, o menor , sempre muito serelepe, logo pegou na mão da vovó para levá-lo até o quintal a fim de ver as galinhas, patos e guinés. A avó, toda solícita, senhora de si, ia daqui para lá, às voltas com o pirralho, exibindo o seu criatório.
Após algum tempo, logo que o Asaph tomou seu primeiro banho e mamada, a vovó achou por bem soltá-lo no quintal , descalço, para correr bem a vontade, pois os sapatos o atrapalhavam no corre-corre atrás dos bichos. Até que procurou as botas que a mãe recomendara calçá-las, mas achou que eram muito pesadas e iam cansá-lo.
O Joshua, por sua vez, já estava no cajueiro, fazendo sua cabana , mostrando suas habilidades, subindo de galho em galho, e a cada galho mais alto chamava a atenção da avó para ver sua façanha, indiferente com os afazeres de Asaph, seu irmão menor.
Do carmo, por sua vez, sempre muito laboriosa e inquieta, fazendo o almoço, lavando pratos, dava uma olhadela nos dois para evitar algum acidente. Mal sabia que tudo já estava preparado!
Foi numa desses entra e sai que se ouviu um grito!
- Asaph queimou o pé! Gritou a Amanda.
( Amanda, a babá do Asaph,- que por ordem de D. Maria do Carmo estava ocupada dentro da casa, para deixar o menino em paz- , afinal , casa de avó é lugar de liberdade, ora essa!- )
-Como?
-Na cinza da fogueira que a Senhora fez, Dona do Carmo.
-O FOGO JÁ SE HAVIA APAGADO HÁ TEMPO- COMO PODE SER ISSO? Mas as cinzas estavam por baixo fumegando e o pequerrucho, correndo atrás da guiné, passou justamente por cima das cinzas.
-Meu Deus, acode!
-O que a mãe vai dizer?
-Traz ele, Amanda, depressa! Vamos lavar bem o pé com água e água sanitária, foi assim que me ensinaram. Mas Asaph gritava , gritava com muita dor.
Aturdida a vó não sabia o que fazer, até que em um raio de lucidez, levou-o ao pronto socorro
Lá, eu nem conto o vexame que demos – fica para outra vez.
E foi assim: o pezinho do meu Azaph ficou cheio de bolhinhas, e até hoje, quando lhe perguntam o que aconteceu, ele diz com aquela vozinha doce:
- É o dodói, foi a cocó.( as más línguas é que estão falando que foi a vovó)
Que horror, Deus me livre de uma avó assim!

Detalhe- Asaph tem um aninho e 8 meses.

domingo, 29 de agosto de 2010

O meu tributo ao Deus todo Poderoso

O Meu tributo ao Deus Todo Poderoso
Maria do Carmo Machado d’ Oliveira

Ao Deus de amor, cheio de graça,
Expressão inigualável de bondade,
Deus da paz,
Deus que traçou um caminho seguro por onde o homem pode andar ,
Ao Deus que asas leves deu ao passarinho ,
lindo gorjeio que ao homem encanta,
Deus que à rosa deu espinho para protegê-la ,
E ao desabrochar, perfuma o espaço onde ela está.
Deus que de cores fez o arco-iris, firme lembrança
da sua aliança com a humanidade,
palavra eterna da grande esperança,
que nos faz crer na vida no porvir
da grande esperança que nos faz perseverar,
aguardando a volta do seu Filho
pra nos conduzir aos céus,
A este Deus forte, imutável, infalível
Deus amigo, nunca falha,
Deus bendito, protetor,
A este Deus eterno ,o meu louvor!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Relato de Experiências na Escola Eduardo Bizarria Mamede

Relato de Experiências:
Professora Maria do Carmo Machado d’ Oliveira

Instituição: Escola de Primeiro Grau Eduardo Bizarria Mamede- Salvador-Ba.

Nessa escola não enfrentávamos o grave problema da evasão escolar, mas já era evidente a questão da repetência nas séries iniciais em decorrência do não domínio da leitura e escrita pelos alunos .
Por ocasião das avaliações finais, ficávamos aflitos com os resultados do processo pedagógico desenvolvido durante o ano letivo e, como acontecia em todas as escolas, no momento crucial do Conselho, quando tínhamos que definir o resultado final de alunos com baixo rendimento, aprovávamos aqueles que estivessem com pendência em uma ou duas disciplinas, com base em critérios mais afetivos do que qualitativos.
• Se o aluno era assíduo às aulas;
• Se tinha uma conduta aceitável ;
• Se tinha uma boa participação durante as aulas
• E, por incrível que pareça, se era um coitadinho ;( um absurdo, mas era verdade)
Esses dados serviam de base para contemporizar sua fragilidade no aprendizado e ele era aprovado pelo Conselho.
(Se o aluno era indisciplinado, e apresentava baixos resultados, mesmo com as notas semelhantes ou iguais as dos outros já mencionados acima, era reprovado sem discussão.
Parece uma prática superada, mas ainda hoje é comum esse tipo de atitude nas escolas. ( o tempo passa, mas a prática da escola tem se perpetuado).
Esta quadro inquietava a muitos de nós, uma equipe consciente, responsável e concluímos que precisávamos tomar uma atitude para minimizar essa situação.
E foi durante o período de construção do Projeto Pedagógico daquela escola, após o diagnóstico, com base nos resultados dos anos anteriores, que analisamos os equívocos de nossa prática e decidimos implantar um novo processo de avaliação.
A tradicional recuperação final- ( direito conferido ao aluno pela LDB) , uma farsa ( não da Lei, mas da prática) que até hoje é validada por quase todas as escolas públicas, deu lugar à recuperação de aprendizagem durante o processo de ensino/aprendizagem naquela escola.
(Há de se ressaltar que equipes de outras escolas também buscavam um caminho novo para essa problemática).
E como já era evidente a fragilidade do aluno em relação à competência de leitura e escrita, todos os professores , de todas as disciplinas, montaram o seu projeto tendo como objetivo principal desenvolver o ato de ler em suas aulas.
E o interessante, e que passo a relatar, foi a experiência da professora de matemática, professora Rosário Rebelo Aguiar que passou a ministrar suas aulas com oficinas de leitura, tendo como textos base os enunciados dos assuntos de sua disciplina. Normalmente os professores de matemática afirmam que não podem se engajar nessa proposta, dada a especificidade de sua disciplina, conceito que essa professora conseguiu desmistificar na prática.
O ponto de partida era a leitura silenciosa, em seguida a professora formulava as perguntas pertinentes ao texto lido e a partir dessa leitura, os alunos eram desafiados a reescrever as instruções com suas palavras, criarem eles próprios as regras e exercícios.
No início foi um desafio, tanto para a professora como para os alunos. A professora, acostumada a fazer suas explanações iniciais para em seguida desenvolver os exercícios , se continha, esperando a leitura dos alunos para em seguida, com base nas dúvidas levantadas, desafiá-los a voltar ao texto para encontrarem as respostas.
Os alunos, por sua vez, questionavam: - A senhora agora é professora de Português?
Mas o trabalho conjunto da equipe ajudou a vencer essa barreira, pois em todas as aulas a prática se tornou comum.
Acostumados a só ouvirem passivamente, receberem o conteúdo já pronto, reagiam, mas com
a nossa persistência acabaram convencidos dos benefícios ;
Resultados alcançados:
• Os alunos desenvolveram melhor a competência de leitura e compreensão do texto;
• As avaliações eram continuamente feitas após cada exercício realizado;
• As dificuldades eram evidenciadas com mais precisão e buscava-se a superação das mesmas em tempo hábil;
• As aulas se tornaram mais dinâmicas;
• A qualidade da aprendizagem passou a ser o foco das notas em detrimento dos aspectos externos ;
• O índice de reprovação, especialmente nas 5ª séries, classes em que essa dinâmica foi mais efetivamente praticada, foi significativamente reduzido.

É importante lembrar que, a cada final de Unidade, havia uma culminância, envolvendo arte dramática, música, artes plásticas, tendo como conteúdo a temática geral transdisciplinar , oportunidade em que os alunos apresentavam os seus trabalhos para os colegas de outras classes.
Na verdade, um intercâmbio de experiências vivenciadas em sala de aula.
Destaques nessas experiências:
A diretora da Escola- Professora Itassucê Moreira Magnavita – falecida
Vice-Diretora- Profa. Guaraci Moreira - falecida
Sylvia Estrela e Sônia Barros - Ciências
Rosário Rebelo- Matemática
Paulina Teles e Neusa de Oliveira Gomes– História
Marina Oliveira - Geografia
Maria Pompéia Figueiredo e Maria do Carmo d’ Oliveira- Língua Portuguesa
A professora de Artes , Lúcia Josefina, que conseguia mesclar todas as atividades de sala de aula e explorar as expressões artísticas dos alunos, dando realce às suas tendências.

Éramos felizes no nosso fazer, pois éramos impulsionadas a buscar o sucesso de nossos alunos.
Esses professores já estão aposentados, mas creio que até hoje guardam essa doce lembrança.
A todos eles a minha homenagem.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

minhas conversas com meu netinho Joshua Matheus

É assim:
Se estou por perto, o Joshua logo pergunta:
-Você brinca comigo?
-E claro, brinco sim, espere só um pouquinho?.
Mas, os afazeres me envolvem e vou dizendo pra ganhar tempo:
-Vou já, viu? Vovó só vai terminar de varrer a casa e logo brincamos, está certo?
-Ta bom!!!- responde o pirralho.
Mas essa hora não chega e logo, impaciente, me puxa pela mão e diz:
-Vem logo, o brinquedo já vai embora se você não chegar.
Paro um pouco e lá vamos nós levando talheres, panelas, terra, muita terra, e água. Água que não acaba mais.
Quando ralho para não desperdiçar a água, com aquela carinha marota , responde:
-Já vai, vovó. Estou só lavando, ta bom?
E Eu, que digo?
-Ta bom!!!!
Mas retomo :
- Chega, menino, não sabe que não devemos gastar água para não secar o Planeta terra?
Ai! Pra que eu disse isso?
Começa a perguntação:
-E o que é planeta? e porque ele vai secar?
-É só jogar água nele que ele não seca, né, vovó?
Tento explicar, mas ele acaba dando voltas , tantas voltas que eu me enrolo e fico tonta
Depois de muitos bolinhos de terra, algo lhe chama a atenção, e graças a Deus, podemos sair daquela melação.
De repente, não se vê mais mãos, nem olho, nem pés.
É uma sujeira só.
Então dou o brado!
- Hora do banho, Joshua!
-Ihhhh! não quero tomar banho não! Não estou sujo, já lavei as mãos, olhe aqui !
E assim lá vai o dia.
Um barulho, um disse me disse, com o meu pequeno Joshua.
chega a noite..
- UfA, HORA DE DESCANSO !
Isso é o que a voz me diz baixinho...
Mas o baixinho grita logo, para me fazer lembrar que no relógio infantil ainda não chegou a hora de parar.
-Vovó, conta uma história pra mim?
Qual história você quer?
Pergunto por perguntar pois bem que sei a resposta.
Como flecha, vai na estante e pega a pilha dos livros e traz tudinho pra mim
-Ah, esses todos? Só quero contar de um.
-Não, de todos, teima ele.
E puxa pra lá, puxa pra cá, decidimos finalmente:
-Conta uma de dois livros e todas muitas de boca, ta certo?
-Certo! Vou dizer o que?
E lá se vai:
Começo com a Velhinha Maluquete, depois vou pra A velhinha que dava nome às coisas, entram em cena A Sylvia Orthof, Ruth Rocha , o Lobato, que nunca podem faltar, viajamos com Ana Maria Machado, vou mundo a dentro com o reino encantado do Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, Três Porquinhos e tantos outros bichos.

Cansada, abrindo a boca, preciso do socorro da história dos mil patos que o meu pai me contava quando queria parar a historiação.
E assim começo:
-Havia um homem que tinha mil patos.
O pirralho me interrompe e diz:
-Não é assim não.
-Você diz assim, minha vó:
- Era uma vez, um homem....
E preciso recomeçar:
-Era uma vez um homem que tinha muitos patos, mil patos.
Morava num sítio que tinha um rio e uma ponte por onde ele precisava passar com seus mil patos para passear.
Mas a ponte era estreita, muito estreita, e só podia passar um pato de cada vez.
O homem atravessava a ponte primeiro e lá, do outro lado, ele começava contar:
Um pato, dois patos, três patos...
E quando estamos nos trinta patos, olho pro lado, confiro, e me dou conta:
O molequinho dormiu.
Agora vou descansar.
Preparar mais 10 estórias pra outra noite contar e embalar o soninho do meu querido peralta, meu netinho, Joshua Matheus.

Que Deus o abençoe sempre nos seus sonos e sonhos.
Vó do Carmo

“Ler e Aprender pra Valer”: um projeto para viabilizar o desenvolvimento da competência leitora

A experiência que desenvolvi coordenando e implementando intervenções pedagógicas voltadas para alunos com historia de repetência, levou-me a constatar que estudantes com esse perfil não conseguem sucesso na sua vida escolar em decorrência da fragilidade no seu processo de alfabetização nas séries iniciais, fato este que os levam a apresentar sérias dificuldades para ler e escrever.
Concebi o projeto “Ler e Aprender pra Valer” para a clientela de alunos de 5ª e 6ª séries com dificuldades de aprendizagem em decorrência da falta de aquisição das habilidades e competências de leitura e escrita. Por acumularem essa fragilidade ao longo de sua vida escolar, a despeito de alcançarem, por vezes, e paradoxalmente, progressão escolar, e mudarem de séries, não lêem com fluência, não compreendem o que lêem e não conseguem adquirir conhecimentos das diversas disciplinas. Essa vulnerabilidade os acompanha, impedindo-os, ou dificultando-os seriamente, a alçarem saltos qualitativos na vida estudantil, comprometimento o futuro profissional desses jovens.
Foi a partir dessa constatação que surgiu a idéia de desenvolver uma experiência em classes de alunos da escola pública, no sentido de somar ao projeto pedagógico da escola, uma estratégia de reforço para ajudar a esses alunos a desenvolverem as habilidades de leitura e escrita, instrumentalizando-os para a aquisição de novos conhecimentos nas diversas áreas do currículo.
O Projeto tem como pilares a formação do leitor, com desenvolvimento de estratégias diversas de leitura e produção de texto, sustentada pelos princípios da interdisciplinaridade e avaliação contínua e processual. A proposta envolve todos os professores atuantes nessas classes a partir de um planejamento sistêmico e compartilhado e pressupõe a participação do aluno na montagem das estratégias norteando todo o encaminhamento no cotidiano da sala de aula, pois o seu desejo de participar e suas valiosas contribuições sinalizam para nós educadores o foco de seus interesses e a natureza de suas motivações.
Na trilha de um caminho facilitador para despertar o interesse do aluno no aprendizado da leitura três vertentes de trabalho são sugeridas:
– O envolvimento da família – busca de estratégias para esse fim
– Envolvimento do aluno - a partir da sua participação ativa na construção da proposta pedagógica, destinada a sua formação, e acompanhamento cuidadoso da sua freqüência regular na escola, suas dificuldades e seus potenciais.
– Reflexão da escola sobre o seu Currículo: o que ensinar, como avaliar, onde quer chegar.
Assim, o projeto se apóia em quatro eixos:
1. Integração Escola/Família: Formação de vínculos de parceria e mútuo comprometimento;
2. Fomento a Leitura: Desenvolvimento de atividades de leitura e produção de textos em todas as aulas das diversas disciplinas;
3. Cenários de Aprendizagem: Cada professor, antes de fazer qualquer explanação sobre os assuntos, deve propor a leitura do texto base;
4. Avaliação processual contínua e afetiva - O mais importante da avaliação é averiguar quem está ou não, aprendendo, e buscar caminhos novos para garantir a aprendizagem. A nota administrativa será sempre secundária, não tão relevante quanto se tem praticado;
Interdisciplinaridade: O conhecimento não é compartimentado em caixinhas. No desenvolvimento da competência de Aprender a Aprender constatamos que conhecimentos adquiridos (domínio cognitivo), habilidades desenvolvidas (domínio psicomotor) e atitudes estimuladas (domínio afetivo) em uma área apóiam e facilitam a aquisição de outras aprendizagens.
A Interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários (PCN`s, 2002).
Indo mais além, podemos concluir que o desenvolvimento das atividades leitoras é uma tarefa transdisciplinar, na qual todo professor pode participar, desde que seja ele, também um leitor. A transdisciplinaridade é aqui entendida como a interligação dos saberes, necessária perante a complexidade real. FREITAS, MORIN e NICOLESCU assinam a CARTA DA TRANSDISCIPLINARIDADE, na qual se afirma: “Qualquer tentativa de reduzir a realidade a um único nível regido por uma única lógica não se situa no campo da transdisciplinaridade” (artigo 2) e “A transdisciplinaridade não procura o domínio sobre as várias outras disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as ultrapassa” (artigo 3). Para evidenciar a importância da leitura e seu caráter transdisciplinar, Yunes (2003, p.7) afirma: [...] a leitura, como recurso civilizatório, é o que de mais transdisciplinar temos para dar conta de questões que extrapolam método, instrumento, conteúdo, forma e campo de aplicação específico. Ela se apresenta como constituinte mesma do conhecimento, porque ação de um sujeito ou de uma subjetividade em formação, forjando expressão própria, o que, afinal, é a meta principal de qualquer projeto educativo digno deste nome.
Como nos alertou FREIRE (1989), o ato de ler é importante, pois demonstra uma maneira particular de ler o mundo. A maneira como enxergamos o mundo se modifica quando adquirimos o hábito da leitura, pois a leitura verdadeira é a que relê a realidade, ou seja, revela uma visão crítica sobre o mundo. A leitura do mundo não surge com a prática de leitura de textos, a leitura do mundo antecede a leitura da palavra. Assim, antes mesmo de alguém ler uma palavra, já existe uma leitura de mundo que irá basear a leitura da palavra.
Na competição por um lugar melhor na vida, como afirma TORO (1997) em seu Código da Modernidade, os jovens precisam ter domínio da leitura e da escrita; ter capacidade para fazer cálculos e resolver problemas; ter capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações; compreender e atuar em seu entorno social; receber criticamente os meios de comunicação; ter capacidade para localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada; e planejar, trabalhar e decidir em grupo.
Em síntese, o Projeto: “Ler e Aprender pra Valer” utilizando procedimentos metodológicos específicos para instrumentalizar e capacitar educadores em suas unidades escolares, objetiva o fortalecimento da prática leitora dos educandos como condição indispensável à sua formação integral e ao exercício da cidadania responsável.
A tarefa é árdua, mas é gratificante quando se pode observar a contribuição que cada um pode dar para a melhoria dessa juventude que tem na escola o único espaço digno para preparar-se para enfrentamento das lutas do cotidiano.
Referências:
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: Ministério da Educação, 2002.
FREITAS, L. de; MORIN, E.; NICOLESCU, B. Carta da transdisciplinaridade. Convento de Arrábida, 1994.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em 3 artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados, 1989
YUNES, E. Leitura como experiência. In: YUNES, E.; OSWALD, M. L. (Org.) A experiência da leitura. São Paulo: Loyola, 2003. p.7-15.
TORO, Bernardo. O código da modernidade. Colômbia, 1997